O Evangelho de Jesus nos diz que sua vida
e morte testemunham a natureza inigualável de sua realeza e Reino. Mas o
que seu nascimento nos diz? Jesus é o único qualificado para ser Rei.
Mateus traça a linhagem de Jesus através
de José (Mt 1,1-17), um descendente de Davi (Mt 1,6), uma vez que
somente um filho de Davi poderia reinar como Messias (Salmo 89,3-4).
Lucas traça do mesmo modo a linhagem de Maria até Davi (Lc 3,23-31),
assim qualificando duplamente Jesus para ser o Messias. Contudo, o
Messias precisa também ser o Filho do Céu (Salmo 2,7). Pela virgindade
de sua mãe, Jesus nasceria como o único Filho de Deus. O anjo Gabriel
assegurou a Maria que o “poder do Altíssimo” (Lc 1,35) lhe daria a
capacidade de conceber sendo virgem (Mt 1,20). E, “por isso, o ente
santo” poderia ser “chamado Filho de Deus” (Lc 1,35).
O nascimento de Jesus demonstra Sua
divindade. Anjos disseram a Maria (Lc 1,26-38) e a José (Mt 1,18-23) que
seu “Filho do Altíssimo” era mais do que apenas um filho. Antes, ele
seria o Filho unigênito de Deus (Jo 3,16), chamado apropriadamente
“Emanuel”, ou seja, “Deus-conosco” (Is 7,14; Jo 1,14).
E Jesus reinaria sobre a casa de Jacó
reconstruída (Lc 1,33; At 15,16-18). Desde que Ele receberia quem quer
que o temesse e fizesse o que é reto (At 10,35), essa casa consistiria
de judeus e de gentios. Ele concederia a todos os seus cidadãos uma
igualdade e comunhão que o mundo jamais tinha conhecido (Gl 3,28), pois
Ele seria boa nova “para todo o povo” (Lc 2,10).
Todavia, Jesus não reinaria como um
tirano, mas como Salvador. Ele salvaria “seu povo dos pecados deles” (Mt
1,21), trazendo a eles a maior paz de todas: a paz com Deus (Rm 5,1).
Ele salvaria, não subjugaria. Desde que seu Reino também traz salvação
(At 2,23-24), Ele não poderia ser Rei se não fosse Salvador (Zc 6,12-13;
Hb 1,3). Portanto, desde que Ele salva, Ele na verdade tem que reinar
(At 2,33-36).
O modo de Seu nascimento mostra como Ele é
inigualável. A maioria dos reis nascem no luxo e na riqueza. Porém, não
este. Suas faixas não foram de fina púrpura nem seu berço de ouro. Em
vez disso, uma manjedoura serviu como sua cama. Esse Rei humilde fez uma
entrada quieta e não pretenciosa para aquelas pessoas de humildade
incomum que seriam Seus cidadãos.
Os anjos não anunciaram o nascimento
d’Ele aos poderosos e prestigiados, mas aos pastores. Eles,
humildemente, vieram “apressadamente” para encontrar “a criança deitada
na manjedoura”. Encontrando-o, eles glorificaram e louvaram a Deus. Para
os corações que respondem, como os desses pastores, em fé confiante nas
Palavras de Deus, Jesus seria Rei.
Entretanto, esse Rei seria tanto “para
ruína como para levantamento” (Lc 2,34). Porque a maioria rejeita Sua
mensagem (Jo 1,11), eles caem enquanto outros sobem a “lugares
celestiais, em Cristo Jesus” (Ef 2,6) pela obediência à Sua vontade (Mt
5,19). Até mesmo seus pais representam o tipo de cidadãos que
pertenceriam ao seu Reino: justos, amorosos, puros e obedientes.
Seguindo a estrela até Herodes, homens
sábios do Oriente aprenderam com o profeta Miquéias que o Messias
nasceria em Belém. Eles entraram na casa (não estábulo) e viram o menino
(não o recém-nascido) (cf. Mt 2,11). Portanto, esses homens
possivelmente viram Jesus antes de Seu segundo ano de idade, em vez de
vê-Lo na manjedoura, porque Herodes informou-se com os homens sábios
“quanto ao tempo em que a estrela aparecera” (Mt 2,7) e, mais tarde,
matou crianças de dois anos para baixo (Mt 2,16).
Até mesmo os visitantes do Oriente
tipificam os cidadãos do Reino. Dispostos a fazer uma viagem longa e
árdua só para vê-lo, eles O adoraram (Mt 2,11). Eles trouxeram dádivas
adequadas a um rei: ouro, uma dádiva comum à realeza (1 Rs 10,14-22);
incenso, frequentemente ligado com adoração a Deus (Lv 2,1-16); e mirra,
uma especiaria tipicamente cara usada na adoração (Êx 30,23-33), na
aromaterapia (Salmo 45,8) e no embalsamamento (Jo 19,39).
Nós também precisamos chegar alegremente
ao nosso Rei e oferecer nossos corpos “por sacrifício vivo, santo, que é
o vosso culto racional” (Rm 12,1). Seu nascimento valida Seu direito ao
trono de Davi, Sua divindade, Seu domínio internacional e até a
natureza de Seu Reino. Mas o que os pais, os pastores e os homens sábios
demonstram é que nada menos do que corações submissos e vidas
obedientes são suficientes para esse Rei, que eleva corações humildes à
glória, no Reino dos Céus.
Pai, dá-me um coração de pobre que me
permita contemplar o nascimento de Seu Filho Jesus, que viveu pobre para
ser solidário com os pobres.
Padre Bantu Mendonça
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